Uma bosta de vida
Baseada em um ou dois
Conceitos.
Mais um tanto
De ideias
Pre concebidas
E completamente tolas.
Mas ele tem certezas
E convicções
E vive em função delas
Robô de suas próprias invenções…
Boneco lançado
Ao largo
Limitado, controlado
E conformado.
Sequer ousa olhar pro céu
Tem medo de ficar cego
Pelo brilho do sol
Medo de ficar louco
Com a distância entre si e
Deus.
Ele acha-se pequeno
Por não ser o que o padre
Ensinou.
Por não ser o que o patrão
Desejou.
Ele quer ser o que querem
Que ele seja
Ele quer suportar e tolerar
Para um dia,
Talvez um dia
Poder mostrar sua voz.
Ele se cala
Se conforma
Compreende
E resiliente
E complacente.
E todas estas drogas que calam seu Conatus
Sua vontade e seu desejo.
Castra sua Volúpia em troca de
Aceitação.
Tornou-se pacato,
Mesmo quando só queria
Tesão.
Morto em vida, arrasta-se
Em busca da esmola
E da quirela que pipoca
Em sua conta.
Em nome do
Metal
Tolera as mais aviltantes
Humilhações.
Ganha medalha,
Ganha diploma
Ganha dissídio.
Tudo por ser um tapete
Na ante-sala do patrão.
Cidadão modelo
Cidadão legal
Cidadão padrão
Rasteja como verme
Por que nunca aprendeu
Voar.
Achou-se lagarta quando
Era borboleta
Achou-se pedra quando
Era um cometa.
Deixou de viver
Pra apenas existir.
E jaz morto.
Em vida.
Lucas Lima